A história da Cutelaria Brasileira – Metalúrgica Costa e Fio
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setembro 6, 2022

A história da Cutelaria Brasileira

História da cutelaria brasileira

No mês em que o Brasil celebra 200 anos de sua independência de Portugal, marcada pelo grito de Dom Pedro II, empunhado de sua espada, que tal aproveitar a nostalgia nacionalista e resgatar um pouco mais sobre a história da cutelaria no Brasil?

Início da Cutelaria no Brasil

Antes de 1760, início da Revolução Industrial na Inglaterra, todas as lâminas eram confeccionadas por artesãos familiares e após, passaram a ser produzidas em grandes centros cuteleiros ou em pequenas confrarias.

Já no Brasil, os primeiros registros de artesãos cuteleiros são de 1532, quando o ferreiro português Bartolomeu Carrasco criou uma oficina de cutelaria com o objetivo de produzir ferraduras, anzóis e facas.

A primeira criação artesanal da cutelaria brasileira foi na verdade uma adaptação para atender as necessidades dos Bandeirantes, um tipo de espada que hoje é raríssima, que aproveitava a estrutura de empunhadura das rapieiras europeias e somente adaptava uma lâmina mais larga, semelhante à de um facão, bem mais útil para utilizar nas matas fechadas, mas também nas lutas e guerras da época. E, de certa forma, esta adaptação viria a originar as primeiras facas de Sorocaba, ou “Sorocabanas”.

E o registro mais antigo que se tem conhecimento, do primeiro centro cuteleiro organizado do Brasil, é na cidade de Pasmado, no Ceará, hoje chamada Abreu e Lima, onde constam documentos de 1718 e as principais criações foram de facas utilitárias e algumas maiores, para uso de defesa.

Facas Históricas Brasileiras

Faca Sorocaba ou Sorocabana é caracterizada por sua lâmina de 12 1/2 polegadas, empunhadura em talas de chifre bovino e bainha original de couro e sua data aproximada de produção é da década de 1890.

Com os governos coloniais inicialmente sediados em Salvador, na Bahia e após no Rio de Janeiro, muitos profissionais de origem portuguesa, entre eles os cuteleiros e prateiros, vinham de Portugal em busca de novas oportunidades. A integração desses profissionais favoreceu criações de cutelaria bastante requintadas, como as facas do Sul da Bahia e de Minas Gerais, que são variantes das clássicas adagas mediterrâneas, com bainhas e empunhaduras de prata, que de certa forma, uniram o estilo clássico do formato europeu com o padrão que viria ser as “adagas do Período Colonial Brasileiro”, diferenciadas somente por suas empunhaduras e bainhas totalmente em prata.

E com as frequentes feiras de gado realizadas especialmente em Sorocaba, no interior de São Paulo, após a abertura do Caminho de Viamão, no Rio Grande do Sul, também chamado de “Caminho dos Tropeiros”, houve um incentivo para que, a partir do final do século 18, se tornasse ainda mais promissora essa atividade artesanal de artigos utilizados para o trabalho e vida no campo, incluindo as famosas Facas de Sorocaba, ou Sorocabanas, que por sua vez, também viriam a incentivar o surgimento de outros tipos de facas, como as “franqueiras” e as mineiras do tipo “Curvelana”.

Faca Mineira do tipo “Curvelana”, com lâmina de 9 polegadas, é muito rara, por ter a empunhadura em talas de chifre de veado e a data aproximada de sua manufatura da década de 1880.

No mesmo período, existia nos pampas gaúchos a clássica “faca de prata”, inicialmente desenvolvida por cuteleiros que aproveitavam espadas quebradas, molas de carroça e restos de serras para forjar lâminas. Porém, após a industrialização das cutelarias de Solingen e Thiers, essas criações foram equipadas com lâminas europeias e agregado o trabalho de prateiros, em um movimento que surgiu em Buenos Aires, na Argentina, e alcançou os Pampas dos uruguaios e brasileiros.

Faca Gaúcha com lâmina Scholberg de 9 1/4 polegadas, tanto sua empunhadura quanto suas furnituras da rara bainha do tipo “picazo”, são de prata, lavradas a mão, datadas de um período entre 1900 e 1910.

Nesse período, vieram muitos cuteleiros e prateiros de origens germânica e francesa para a América do Sul, que iniciaram um ciclo das mais requintadas criações com bainhas e empunhaduras de prata. E, apesar das cutelarias já contarem com maquinário, apresentavam muito trabalho puramente artesanal em suas criações, desde o forjamento das lâminas, à colocação das empunhaduras e a confecção de bainhas.

E foi na década de 1930, que iniciou o moderno ciclo de cuteleiros artesanais no Brasil, onde muitos migraram para as grandes capitais, como em São Paulo, onde instalaram pequenas oficinas para fornecer serviços de cutelaria totalmente artesanal para as casas de armas.

Enquanto isso, no interior paulista, seguiam as manufaturas das facas Sorocaba e em Minas Gerais, as “facas curvelanas”, em referência à cidade de Curvelo, semelhantes às clássicas e requintadas facas e adagas mineiras do Brasil Colônia.

Também foi no final dessa década, que o imigrante japonês Yoshisuke Oura, descendente de uma antiga família de “espadeiros”, inicia a produção de “katanás”, tornando-se pioneiro nessa atividade no Brasil.

Já no início dos anos de 1960, em São Paulo, surgiu o trabalho pioneiro de Roberto Gaeta, ou Bob’G, que é como assina suas criações, e é considerado até hoje o expoente máximo da cutelaria artesanal brasileira. Poucos anos depois, o emigrante húngaro Antal Bodolay chega a Belo Horizonte, em Minas Gerais, e assim como Gaeta, seguem ainda hoje produzindo suas famosas e desejadas facas.

Cutelaria atual no Brasil

Atualmente no Brasil, existem cuteleiros artesanais, que utilizam técnicas modernas e materiais de alta qualidade em suas criações. Entre eles, destaca-se o cuteleiro Peter Hammer, na cidade de Itapecerica da Serra, em São Paulo, considerado o melhor Aço Damasco, expressão máxima atribuída a um forjador para obter uma lâmina que combine dureza e elasticidade. Peter Hammer também é um dos poucos cuteleiros da América do Sul que reúne habilidade para restaurar facas antigas de forma adequada, sendo esta uma habilidade significativa, considerando o crescente número de colecionadores de cutelaria do passado.

Assim como a cutelaria artesanal, a tradição da produção industrial de facas no país também é bastante significativa e merece atenção em relação à sua qualidade de produção. Conheça a tradição e qualidade das chairas e lâminas produzidas pela Metalúrgica Costa e Fio, no Rio Grande do Sul, fundada em 1996, há 26 anos prezando pela qualidade de seus produtos, que são inspecionados em todas as fases de sua produção, a fim de garantir o melhor desempenho, com resistência e durabilidade.

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